É em comum que nós habitamos

Autores

  • Fernando Belo Autor

Resumo

En commun nous habitons Il s'agit d'essayer de sortir la question de l'habitation des oppositions entre sujet/objet et libéralisme/communisme, avec inspiration dansla pensée de Heidegger, Derrida et Nancy. L'accent est posé sur l'apprentissage des usages de la tribu, qui altère chaque agent tout au long de sa vie. Pour finir, le rôle inspirateur de l'art dans l'habiter des humains. Mots-clés Habiter, société, usages sociaux, apprentissage, bien commun. «Estas são as casas. E se vamos morrer nós mesmos, espantamo-nos um pouco, e muito, com tais arquitectos que não viram as torrentes infindáveis das rosas, ou as águas permanentes, ou um sinal de eternidade espalhado nos corações rápidos. – Que fizeram estes arquitectos destas casas, eles que vagabundearam pelos muitos sentidos dos meses, dizendo: aqui fica uma casa, aqui outra, aqui outra, para que se faça uma ordem, uma duração, uma beleza contra a força divina? (…) Falemos de casas como quem fala da sua alma, entre um incêndio, junto ao modelo das searas, na aprendizagem da paciência de vê-las erguer e morrer com um pouco, um pouco de beleza». Herberto Hélder, 2004, OU O POEMA CONTÍNUO1 «…o homem habita como poeta…» 1. «A maneira como nós, os humanos, somos na terra é a habitação. Ser humano quer dizer: ser na terra como mortal, isto é: habitar», escreveu Heidegger numa conferência de 1951, Construir habitar pensar (Heidegger, 1958:173). O «somos» sublinhado por ele é uma forma do verbo mais forte da filosofia, o verbo «ser», e a segunda frase é uma definição, a operação por excelência do pensamento gnoseológico greco-europeu. Em 1927, Ser e Tempo, o livro que abriu o chamado existencialismo (que renegou), buscava ir mais além do que o seu mestre Husserl na tentativa de conseguir escapar ao dualismo desse pensamento greco-europeu. O dualismo joga entre oposições exclusivas: Céu/Terra antes de mais, donde alma/corpo – ela imortal, quase divina, ele gerado e mortal – em Platão, Agostinho, Lutero, Descartes, esta dependendo por sua vez também duma outra mais insidiosa, pois que partilhada por quase todos nós, sem o sabermos porventura: a oposição dentro/fora, trivialmente sujeito/objecto. Um sintoma de como esta oposição sobrevive como armadilha filosófica nas neurologias e psicologias como nas ciências sociais e humanas, é o recurso à noção de representação, isto é, a presença do objecto exterior na interioridade do sujeito. Insidiosa, já que esta oposição dentro/fora é uma das nossas evidências mais preciosas, e é por isso que não é nada fácil pensar sem dualismo: não basta querê-lo ou dizê-lo, já que este está em quase todos os conceitos do pensamento ocidental e sem eles não sabemos pensar.

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Publicado

2010-12-01

Edição

Secção

Dossier: Habitar