Subtle forms of hierarchised domination: Body and feminisation of poverty
Abstract
Formes subtiles de domination hiérarchisée: Corps et féminisation de la pauvreté Dans cet article, nous nous proposons de montrer de quelle façon la «discoursification » du genre, en tant que forme du savoir, perpétue des stratégies de pouvoir qui ne sont pas toujours visibles. À partir des concepts de citoyenneté et de domination, nous tentons de mettre en évidence la manière dont le corps s’est configuré dans un espace de pouvoir et d’occultation des questions relatives au genre féminin. À cet effet, nous visons, en nous basant sur la pensée de Foucault, à établir une brève généalogie du corps en cernant d’abord la question de la domination du corps pauvre dans son contexte historique pour faire ensuite une analyse critique de la féminisation de la pauvreté. Mots-clés domination, genre, féminisation de la pauvreté, corps Discutindo os conceitos de cidadania e de dominação, este artigo estuda como se naturalizou, ao longo do tempo, um modelo epistemológico de género1 que reforça diferenças a partir de um discurso implícito de inferioridade. Uma análise foucaultiana do corpo como instância histórica de dominação nos permite avançar e perceber a discursificação do género2 como mais uma estratégia de poder, legitimando-se a partir de domínios de saber em que o papel social da mulher parece previamente traçado. Esta circunscrição do papel feminino aparece tanto na modernidade, quando o trabalho ocupa o lugar principal de definição e consolidação das identidades, quanto na chamada sociedade contemporânea, em que o trabalho não deixa de ter seu lugar, mas aparece atrelado aos apetites de performance trazidos pelo consumo. Se o trabalho, então, fundamentava prioritariamente a constituição da identidade no grupo social, pode-se imaginar o quanto a secundarização da mulher como trabalhadora consolidou um golpe identitário e de silenciamento. A sociedade de consumo, por sua vez, não tem feito diferente – e o corpo se torna, mais uma vez, vetor de dominação e submissão do género. Sabemos que o corpo feminino que interessa ao discurso da sociedade de consumo, com suas instâncias midiáticas espetacularizantes, é aquele que serve a um duplo papel: o de suporte adequado aos seus ícones e o de produto por excelência. E, assim, cirurgias, próteses, tratamentos e intervenções estéticas mercantilizam o corpo – particularmente o feminino –, transformando-o num objeto de consumo (Santos e Hoff, 2007). Esta ultra-estetização do género congela e silencia ainda mais a mulher pobre, já que seus valores e preocupações não se encaixam no lugar que lhe é socialmente designado na sociedade contemporânea. Seu corpo é um corpo a ser esquecido, a se tornar invisível, apropriado apenas para dar continuidade, como força produtiva, aos mecanismos de produção e circulação da sociedade de consumo. Mas se o género como discurso se torna, ao lado da raça e da divisão social do trabalho, um dos suportes simbólicos mais poderosos para a naturalização de diferenças sociais e dicotomias, a situação se torna ainda mais aguda quando são cruzadas as categorias de género e classe social. Neste caso, podemos dizer que o corpo se configura como um território onde a mais-valia se reforça duplamente.Primeiro por calcar-se em uma diferença econômica atribuída socialmente aos corpos feminino e masculino como força de produção. Segundo, por estabelecer um escalonamento perverso na des-valorização simbólica e econômica do corpo feminino. Ou seja, se já há uma distância entre homens e mulheres, esta distância fica ainda maior quando nos referimos às mulheres pobres, cujos corpos não se encaixam às premissas da sociedade de consumoDownloads
Published
2008-06-01
Issue
Section
Estudos e Ensaios
How to Cite
Subtle forms of hierarchised domination: Body and feminisation of poverty. (2008). Ex æquo, 17(17). http://172.233.59.247/exaequo/article/view/812









